Colheita de 76 - a minha geração, o que é?!


Depois do 25 de Abril

Nasci depois do 25 de Abril. Sou fruto de um contexto social e familiar, não somos nunca de "geração espontânea"; porém, não gosto muito  da palavra "geração" pelo que ela tem de anónimo e de desresponsabilizante, prefiro que os méritos e deméritos sejam pessoais, atribuíveis a gente concreta. Há sempre como que um abuso que toma a parte pelo todo e não descreve a complexidade da realidade.

Há uns anos, um famoso jornalista português, depois de umas manifestações em que um estudante mostrou o seu “rabiosque” para todos o verem como sinal de protesto, cunhou a ele e aos seus contemporâneos como de "geração rasca”. Pouco tempo depois, alguém indignado terá dito que é antes uma "geração à rasca": uma juventude que terá sido como que “enganada” pelas promessas de que deveria estudar, mas que encontra pouca estabilidade no trabalho e que faz pouco mais de 1.000 euros por mês. Por contraste, falou-se p.e. na América na geração baby-boom do pós-guerra, que encontrou uma economia pujante, vivendo um momento de grande prosperidade. 


Somos moldados pelo mundo que encontramos e, na verdade, podemos falar de circunstâncias históricas que certo grupo de “nascituros” (digamos assim nesta linguagem um pouco técnica) encontra num certo contexto e como é que reage frente a elas ao tentar viver a sua vida. O que faz perante as oportunidades, os problemas e os desafios que se colocam no seu caminho? As circunstâncias podem ser tendências, mas cada um faz depois o seu próprio caminho.

E verdade é também que crescer em Portugal é diferente consoante a família que nos tenha calhado em sorte, cresçamos em Lisboa ou nos seus subúrbios, no Alentejo ou em locais como o Vale do Ave ou do Tâmega, locais por exemplo em que há as maiores taxas de abandono escolar no nosso país (embora neste âmbito o país esteja a melhorar o seu desempenho). Crescer em certos meios mais desfavorecidos do nosso país é ainda um factor que condiciona muito o futuro, por isso há ainda muitas diferentes juventudes e não podemos, nem devemos fazer um retrato da sociedade a partir simplesmente da nossa realidade concreta. Neste aspecto, pessoalmente, apercebi-me que outros não tiveram as minhas oportunidades e que havia pobreza material, cultural e moral bem perto de mim, fazendo voluntariado. É importante ver a realidade saindo do conforto do seu sofá.

Tive a sorte de crescer num contexto económico familiar muito favorável, de ter uma boa educação, de poder viajar e conhecer variados países, sobretudo europeus, importante para que visse também o meu país com os “olhos de fora”, um exercício sempre importante.

Contexto familiar e social

Pertenço a uma família que viveu até perto dos anos 80 com foros de propriedade, cujas benesses se estendiam de forma que abrangia um número elevado de pessoas, que se uniam por laços de parentesco, tipo clã. Havia uma generosidade e uma comunhão alargada de afectos, que se unia à volta de casas e quintas, com grande respeito por precedências. Os mais jovens viviam uma vida animada, despreocupada, feita de veraneios extensos em quintas em Sintra, de amizades em escolas ditas "normais" (porque aí se ensaiava um ensino de qualidade que deveria ser a "norma") como o Liceu Pedro Nunes e de solidariedades em clubes de rugby (como o CDUL onde o meu pai e os meus tios jogaram). As meninas por sua vez eram educadas para serem donas de casa.

Ainda me lembro da minha avó perguntar sempre que conhecia algum amigo meu: "O menino é filho de quem?"- resquícios dum tempo em que se era sempre filho de "alguém".

Desde os finais dos anos 60 que se anunciam tempos novos em Portugal com a preponderância cada vez maior da classe média, com a entrada na EFTA e o crescimento que isso potenciou. A Primavera Marcelista, inaugura o Estado de Providência, o que constitui um factor de maior equilíbrio social, se bem que não acompanhado por uma alteração de regime politico. Com o 25 de Abril, a agitação política, as ocupações e as nacionalizações, a descolonização e a necessidade que muitos tiveram de emigrar, deixam muitas dessas famílias bastante abaladas, quebradas. É um duro golpe, mas o pior é ser saudosista, embora continue a dar alguma identidade de casta a persistência dos Turfs, dos Tauromáquicos e as conversas à volta das roças em São Tomé. Os tempos pendem-nos a olhar para a frente e a conseguir fazer pontes inter-classistas. 

As condições gerais da população portuguesa melhoraram muito depois da entrada na CEE e Portugal recebeu “rios” de fundos comunitários e teria sido importante que os fundos tivessem criado uma economia mais dinâmica e robusta, que conseguisse criar um padrão de uma certa prosperidade, o que não sucede na realidade. O movimento das reprivatizações e os anos dourados dos fundos comunitários, ao tempo de Cavaco Silva, constituíram um momento de crescimento económico e de infra-estruturação do país. Esse ciclo terminou perto do virar do milénio, talvez os marcos mais importantes para fechar esse ciclo terão sido a Expo 98, a Ponte Vasco da Gama e a Barragem do Alqueva. Estávamos então naquilo que diria a "crista da onda". 

Entretanto, o alargamento da Europa a Leste, a entrada da China no mercado europeu e o euro forte terão dificultado a continuação desse ciclo, entrando o país oficialmente em período recessivo a partir de 2000, o Estado acumulando a partir daí uma factura demasiado alta.

A realidade económica tem que ver com a realidade das empresas, que é naturalmente condicionada pela situação macro-económica, que se vem degradando desde 2000 (com alguns momentos de alívio, como aquele que vivemos de 2015 até ao início da pandemia). Em 2008 o sub-prime arrasta mais ainda a economia para a recessão, associando-se em 2011 com a crise da dívida soberana e a necessidade de intervenção externa.

Costuma-se dizer que a nossa juventude é a mais qualificada de sempre em Portugal (esta afirmação é um pouco uma verdade de "la Palice", pois as gerações são sempre cada vez mais qualificadas), só que quando esta juventude vai para o mercado de trabalho, aí de facto tudo se torna mais complicado e será difícil aspirar ao nível de vida de quem trabalhou nos anos 80 e 90. 

É certo que hoje podemos viajar, temos acesso como nunca a informação, mas parece-me que vivemos numa incapacidade crónica de amealhar e só com alguma ginástica conseguimos chegar ao fim do mês e pagar as contas. Economias mais robustas como as da Europa Central e do Norte proporcionam mercados de trabalho maiores e é possível encontrar trabalho mais perto de casa. A solução para muitos jovens portugueses tem sido a de emigrar para mercados de trabalho mais longe da nossa comunidade.

Seremos empreendedores?

Mas também importa dizer que se é a geração mais qualificada desde sempre, isso deveria também constituir uma espécie de “seguro de vida”: as escolas e as universidades servem para ajudar a pensar e a desenvolver inúmeros aspectos, como seja o de leitura do mundo e das oportunidades que ele encerra e a agir! 

Assim, ainda que a partir de 2011 se tenha verificado uma emigração sem precedentes dos nossos jovens, os que ficaram estavam bem conscientes de que já não existem empregos para a vida. O empreendorismo acabou por ser uma alternativa para muitos e, na verdade, esses jovens vieram inovar os bairros onde estabeleceram os seus negócios. 

No entanto, devemo-nos perguntar quantos desses negócios não assentaram em serviços ligados à hotelaria, à restauração ou afins, sectores altamente abalados no último ano; vamos ver se afinal de contas vão ou não vencer mais este enorme desafio de se reinventarem. É possível que com o decréscimo do turismo nas nossas cidades, seja também possível encontrar habitação a preços mais acessíveis, vamos ver. 

Depois de alguns anos de um ligeiro desafogo, aí está mais uma crise que vem condicionar a vida e a economia do nosso país, desta vez derivada de uma pandemia. Mas, em abono da verdade, o certo é que na década finda muita da juventude se "aguentou à bronca", para assim empregar uma linguagem mais coloquial. Muitos acabaram por ficar. Não se fica rico na maior parte dos casos, mas ainda assim ainda temos das melhores praias da Europa, certamente o melhor clima e com algumas ajudas da família lá nos vamos aguentando... 

Jogamos o nosso futuro colectivo nas escolhas políticas que fazemos (ou nas que por inércia ou outras deixamos de fazer). É evidente que somos todos afectados pelo estado da economia, pela capacidade que tem de criar emprego, de desenvolver o país, ou de o deixar em estagnação, que tem sido a situação que podemos descrever estar a nossa economia a viver desde há 20 anos.

A juventude sofre sempre naturalmente com estes períodos, pois está a entrar para o mercado de trabalho, que fecha as suas portas ou que se mantém a pagar maus salários. Alguma juventude acaba por emigrar: foi isso que aconteceu depois de 2012; é isso que poderá voltar a acontecer com a crise provocada pelo COVID-19.

A poupança

Primeiro de tudo, se a nossa economia revela fragilidades e se os ciclos de estagnação ou recessão se repetem, devemos aprender a lição que há que fazer poupanças e planear a mais médio prazo para viver melhor esses períodos mais difíceis. É um pouco a história da cigarra, aquilo que os países do Norte da Europa sempre se habituaram a fazer, possivelmente derivado dos seus largos e difíceis invernos. A Noruega por exemplo, o país mais rico do mundo, utiliza grande parte do que retira do petróleo descoberto nas jazidas do Mar do Norte para fundos de pensões.

Era importante sairmos desta tendência extremamente consumista em que vivemos. Alguns dos mais jovens, aqueles que se dizem pertencer aos “millennials” preferem a utilização à posse: se formos ver o nosso Museu dos Coches em Lisboa, percebemos que isso sempre foi um pouco dissonante com a nossa maneira de ser, pois parece que sempre gostámos da posse, do estatuto que o ter sempre nos dá. Tal resulta dum longo período histórico e duma teoria económica que associou a pujança dos países à posse de riqueza (o Mercantilismo), que contraste fortemente por exemplo com a mentalidade holandesa de fazer coisas, de produzir.

Movimentos como o do “New Minimalism” recordam-nos que podemos viver com muito menos do que aquilo que pensávamos precisar e penso que o período do confinamento tem-nos mostrado que temos em casa o suficiente para seremos felizes. Muito mais sapatos do que precisamos, muitos mais livros do que o que precisávamos e, em qualquer caso, careceríamos de muitas vidas para os conseguir ler a todos. E mesmo viajar, podemos talvez contentar-nos com viajar mais perto de casa, há tantos locais bonitos ao nosso lado! (é impressionante que haja pessoas que passam a vida a viajar para destinos longinquos e mal conhecem o nosso país).

Em todo o caso, bem demonstrativo das dificuldades que a juventude enfrenta é o facto, evidente, da muito baixa taxa de natalidade no nosso país, das mais baixas da Europa e do Mundo. Se as pessoas estivessem confiantes, certamente que não seria tão baixa. 

O Sector Público

Do lado do Sector Público há muito a fazer, pois tem um peso excessivo na nossa economia, sendo um sorvedouro de demasiados recursos, a começar do dinheiro dos nossos impostos. Fala-se há muito da sua reforma, mas não tem havido coragem politica para a fazer. 

Há funcionários públicos a mais (e mal pagos) e uma burocracia asfixiante. Há instituições como a Segurança Social que são incrivelmente ineficientes e que prestam um péssimo serviço aos cidadãos, assim como nas autarquias locais e outras entidades essenciais para o investimento, obter licenças é um longo calvário que leva muitos ao desespero. Não existe uma tutela efectiva dos direitos dos cidadãos porque quem quer recorrer aos tribunais administrativos para se queixar, um dos sectores onde o atraso na justiça é mais gritante, o melhor é esperar vários anos por uma decisão.

Um dos aspectos cruciais para a nossa economia que nos últimos anos dependeu sobretudo do enorme esforço das exportações (por mérito dos nossos empresários diga-se), passa pela modernização do Sector Público.

Creio que o estudo de Costa Silva é muito insuficiente nesse aspecto. Era talvez agora a oportunidade, antes da “bazuca” dos 45 mil milhões de euros chegar, que deveríamos pensar verdadeiramente como tornar o Sector Público melhor, muito melhor do que ele é. Tal será crucial para uma sociedade mais justa, pois um estado mais eficiente serve sobretudo os mais pobres, aliás como a corrupção e a dissipação de dinheiros públicos acaba sempre por prejudicar primeiro de tudo os mais pobres (pense-se por exemplo o Brasil, em que quem tira um curso mas não tem conhecimentos, muitas vezes não tem qualquer horizonte).

Há não muito tempo fiz parte dum grupo que se reunia para pensar no futuro da Administração Pública (Build the City, Festival da Burocracia Criativa), e lembro-me do Sub-Director do INA dizer-me que temos hoje uns quadros de liderança da Administração Pública muito envelhecidos, o que naturalmente não promove a inovação. A razão creio é que pouca gente quer fazer uma carreira na Administração Pública, com o que se paga. Pessoas altamente competentes que eu conheço, com muitas habilitações, não ganham muito mais do que 1.000 euros. Temos que pensar seriamente em tudo isto...

Vemos sempre o mundo pelas nossas lentes e podemos ser testemunhas das mudanças de atitudes que se viveram. 

De facto, a afirmação de muitos jovens com que me fui cruzando ao longo do meu crescimento e com quem fui mantendo amizades fez-se pelo envolvimento, numa altura em que a pacificação política permitiu que nos centrássemos em edificar uma sociedade mais justa e fraterna, ultrapassando antigas barreiras. 

A militância católica e cívica

A minha consciência política despertou de experiências como a das célebres eleições presidenciais de 1986 entre Freitas e Soares, tendo sido activamente estimulada pelos debates que, a partir da década de 90, se fizeram sobre a integração europeia. Com grande regularidade e muitíssimo entusiasmo às 6.ªs feiras comprava o jornal “o Independente” e ia-me formando como um jovem defensor de Portugal como destino histórico, frente a um certo servilismo europeísta, activismo talvez próprio da afirmativa adolescente. Vibrava com a acutilância e brilhantismo de Paulo Portas, que então formava com Manuel Monteiro uma dupla de contestação (a zanga entre eles foi um momento especialmente triste). Nessa altura devorava tudo o que eram debates na televisão como “Terça à Noite” com Pacheco Pereira e António Barreto, com moderação de Miguel Sousa Tavares e programas de rádio como “O Exame” na TSF com Marcelo Rebelo de Sousa.

Essa defesa de Portugal assumia para mim um ideal pelo qual valia a pena lutar, defendendo a nossa soberania e a nossa economia, frente a uma posição de estar de mão estendida na Europa, destruindo numa lógica federalista o que eram sectores tradicionais como as pescas ou agricultura. Lembro-me de discutir com o meu avô que, defendia Cavaco Silva.

Porém, se foi a política que me levou a olhar para a realidade do país e aqui também não esqueço as aulas no secundário com um bom professor de história, foi pelo meu catolicismo que exerci uma acção concreta. Com efeito, a militância católica, os tantos movimentos de estudantes que se empenharam no voluntariado nos nossos bairros pobres e em múltiplas missões sérias e continuadas para países mais pobres, enfim o compromisso num mundo melhor exortado por exemplo nas Jornadas Mundiais da Juventude em 2000 de Roma, marcaram muitos jovens como eu a ter um papel activo na sociedade e a não ficar de “braços-cruzados”. 

Destaco aquela experiência nas jornadas de 2 milhões de jovens reunidos debaixo do calor tórrido de Tor Vergata em Roma e que deve ter marcado fortemente cada um dos presentes  - um ímpeto de mudar o mundo incomparavelmente mais forte do que o de todas as drogas de Woodstock, porque baseado na figura de Cristo e na força da sua mensagem de amor, que "não se impõe, que se propõe" e que compreende um encontro (não, escondo a minha admiração por gerações que combateram a guerra, que se sacrificaram, não é bom comparar). Mas que experiência forte as palavras do Papa em Roma e o apelo à Santidade! Que extraordinária experiência de encontro, de intensidade vivencial que foram aqueles dias em Itália. Um grupo de portugueses, de jovens apostados em estar na sociedade com a radicalidade cristã, com a força de ser católico pelo que tem de forma de estar exigente e elevada.

Por outro lado, a minha experiência da tropa, num tempo já um pouco descabido, permitiu-me ver que as desigualdades de contexto são muito diferenciadas ao longo do país . Em Vendas Novas, onde fiz a recruta, apercebi-me de quão pobre muitas vezes é o nível cultural de tantos jovens educados em outros contextos.

A juventude precisa de causas, e causas que se vivam colectivamente, porque senão desacredita no futuro. O envolvimento social das novas gerações é um facto indelével (veja-se por exemplo nas questões ambientais), mas desejavelmente algo ainda a incrementar e a fazer crescer, porque fundamental para termos uma sociedade que discuta os problemas e que não seja indiferente, achando que "essas coisas são para os políticos".

E creio que seria importante reintroduzir alguma forma de participação mais institucionalizada das novas gerações, dando o sentido do gosto de participação na comunidade. 

Os países mais avançados do mundo mantêm serviços cívicos obrigatórios, pense-se p.e. na Dinamarca ou na Suécia. Com efeito, a passagem da vida de estudante directamente para a vida de trabalho não é ainda muitas vezes mediada por qualquer forma de participação. É algo que deveria ser repensado profundamente, um modelo flexível que correspondesse a uma espécie de “gap year”, em que cada jovem poderia dedicar-se a alguma instituição à sua escolha e poder também viajar noutra parte do ano. Uma reinvenção do modelo do serviço militar obrigatório, mas agora virado para a intervenção cívica e para preparar cidadãos para os dias de hoje.

Durante o período de estudos, em que há como que uma "moratória social" há muito tempo para nos dedicarmos a aprender a edificar uma sociedade mais justa e a perceber que há quem passa por dificuldades. É um período para experimentar e ver o mundo, para sonhar com o futuro e para nos empenharmos em causas. Aconselho vivamente a experiência do Erasmus, que não fiz, mas que é uma experiência importante na abertura de horizontes. 

Com amigos dediquei-me ao voluntariado, e não sinto que tenhamos dado menos ao nosso pais do que os que lutaram pela liberdade antes do 25 de Abril. Não será provavelmente algo que diríamos ser uma geração, talvez um dos muitos caminhos. Hoje cada um está na sua “vida”, a fazer por ela, que não é nada fácil. A maioria vive remediada, alguns têm negócios ligados ao turismo e fizeram algum dinheiro, outros são do sector financeiro, que paga relativamente bem. As exigências da vida profissional e as responsabilidades que entretanto assumimos, vão-nos deixando cada vez menos com tempo disponível e, portanto, o período de estudo é o “tempo favorável” a esse tipo de aprendizagens e a um certo voluntarismo e entusiasmo, próprio da juventude, e mal seria que não o tivessem.

E, assim, perguntando-me então, a que geração global pertenço? Diria que um dos melhores fóruns para perceber a juventude pós 25 de Abril (essa putativa "geração") é o Governo Sombra, onde Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e João Miguel Tavares discutem semanalmente o estado do país. Têm um olhar inteligente e perspicaz sobre a realidade, além de serem pessoas que expressam a sua opinião de forma independente. São articulados e desempoeirados, mas “pessoas normais” que pensam pela sua própria cabeça, algo que é sem dúvida fruto de uma sociedade mais aberta. No séc. XIX os Vencidos da Vida, numa sociedade muito mais estratificada, reuniam-se para encontrar soluções para Portugal. Encontravam-se no Tavares Rico, à porta fechada. Hoje discute-se mais transversalmente, de porta aberta. Acho que é bom.

A verdade é que vivemos num momento histórico muitíssimo desafiante. Podemos ter medo dele, ou podemos tentar crescer com ele. É um momento de tensões, de mudanças, de muito ruído. Que nos interpela a encontrar um sentido no meio da floresta, dentro da diversidade de caminhos e opções, que são sempre múltiplos, embora não para os pobres.  O que nos pede que sejamos exigentes sempre que falamos em dinheiros públicos.

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