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Pedro Strecht - uma certa harmonia, notas sobre arquitectura, urbanismo e saúde mental infanto-juvenil

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Num pequeno livro prefaciado por Siza Vieira, Pedro Strech aborda uma questão essencial: como é que uma casa, uma cidade afectam a saúde mental das crianças. Todos nós sabemos intuitivamente que uma casa, uma cidade, pela maneira como se apresentam e se organizam têm consequências no bem-estar ou mal-estar das pessoas que as "habitam". Interessante é que esta abordagem é uma abordagem não apenas bem escrita, em certos momentos até poética, como também fundamentada teoricamente no domínio da psicologia. É interessante ver como Pedro Strecht toca num ponto fundamental: nestes dormitórios em que reside uma grande parte da população portuguesa, como é que as crianças crescem?: " à criança e ao adolescente comum restam pois 12 ou 15 m2 de espaço diário (os seus quartos), sem possibilidade de se desenvolver em maior comunhão com a natureza, sem correr, brincar, expressar e realizar todo o tipo de actividade física que só o espaço livre permite ". E fala duma pro...

Long time, no see

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Entrado no blog, pescando à linha uma frase de menina com diário fechado à chave, e que começa sempre por "meu querido diário", referindo-se ao próprio sempre na 2.ª pessoa do singular, aqui estou eu, face ao blog que criei sobre assuntos de educação, ou melhor, de pedagogia. Muito tempo de facto, se passou sem que "a ti viesse" dar conta de mim. Mas foi tudo que mudou, foi o todo do mundo que se mudou e que vertiginosamente mudou, tal páginas de livro que, esvoaçado pelo vento, apresenta as suas páginas em rapid motion (aqui recordo a imagem do livro de João Paulo II, em cima daquela caixa de madeira a que se convencionou chamar numa palavra feia "caixão", no dia do seu velório). Em cima da mesa encontro revista da Ordem dos Advogados em que na capa figura D. José Policarpo que fala do mundo. Uma voz avisada, prudente, esclarecida e sobretudo pedagógica e interpelante sobre a actualidade, sem deixar de ter um enraizamente fundo e sapiencial. Muda ...

Um homem à beira mar

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Não vejo ali arrogância. Naquela sorriso simpático e naquele jeito do lábio vejo sinceridade. Homem tímido. Homem bom. Daqueles que vão para o Céu. Daqueles que pertencem ao clube dos bons. Pertencer ao clube dos bons é muito importante. Papa Benedetto XVI é como se diz em italiano. Ele é alemão. Mas o dizer que é alemão ofusca. Ele é já velho. Foi leal. Foi constante. Foi esclarecido. Estudioso. Exigente. Sério. Empenhado. É discreto, não por astúcia, mas por personalidade. Não gosta de chocar. Não gosta do excesso: nele há a palavra, o gesto a atitude certa. Não floreia. Gosta da beleza, mas na beleza há disciplina. É um bom pastor. Daqueles que tudo faz para edificar o Reino. É um homem profundo. É um homem inteligente, sensível. Nele sente-se a dificuldade que tem em ser próximo, cool. Ele é mais um avô que um pai. Ele é mais uma voz para meditar do que uma voz que entusiasma. Ele não é político. Ele é o quê? Um avô será uma presença necessária? Um avô só mais tarde se recorda. Um...

Disciplina

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No livro que sobre si e o seu legado, o biógrafo de Nelson Mandela escreveu, conta-se como para Nelson Mandela toda a questão da disciplina é fundamental para si. Ontem, pela noite, fui a uma casa de fados. Sendo realmente um prazer assistir ao que de engraçado têm muitas figuras do fado, não se pode deixar de pensar - eu pensei-o - na imagem da falta de disciplina que muitas vezes emana daquelas figuras. Falta de disciplina pelo que bebem, pelo que fumam. O fado não é lugar para a síncope certa. Nas noites de boémia, Vinicius de Moraes e a sua trupe, animada em torno dele, rigozijava-se até altas horas, à luz fusca, entre copos e poesia, conversas e violas. Uma bondade inata ao artista, que esquecido do mundo, desistido do mundo, se volta para aquele recanto e aí se entrega em momentos de dádiva colectiva. Há evidentemente um plano maior: um plano maior feito de valentia que não se enebria debaixo do fumo e do álcool. Mas ao escrever, porque digo eu que é mais nobre aquele q...

Coragem na política

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Para me entreter enquanto fazia horas para um jantar fui à Bertrand das Amoreiras e aí peguei num livro sobre Nelson Mandela. Trata-se dum livro escrito pelo biógrafo dele e que apresenta as lições que o mesmo considera ter recebido de Mandibba. Sempre apreciei ler livros de grandes figuras: Nelson Mandela é um homem que me tem fascinado desde há uns pelo menos bons 10 anos. O que mais aprecio nele é a sua nobreza, a sua nobreza de carácter e enorme dignidade. Uma das coisas que se diz no livro é que são poucos os homens maduros. Nelson Mandela é-o. A sua coragem, a força da sua consciência, que gritou internamente primeiro dentro dele e que o levou a intervir externamente - para grande prejuízo da sua tranquilidade e conforto - são marcas suas e que o distinguem como grande homem. Sai da prisão um homem maduro. Dominado. Domina os seus nervos, domina a sua impulsividade: é um homem que age norteado pela sua consciência, que comete poucos erros, que tem de si e guarda de si o ...

Horizontes em Branco

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Na passada 5.ª feira fui ao lançamento do livro do José Maria Abecasis na FNAC Chiado. O livro intitula-se "Horizontes em Branco" e é o relato de duas expedições feitas pelo autor a dois glaciares em perigo de desaparecerem, um na Suiça, outro no Quénia. O Zé Maria pretende completar visitas aos 5 glaciares em perigo no mundo (assim considerados pela UNESCO) e através da sua Associação Ice Care chamar a atenção para as questões ambientais. Se não está ainda actualmente demonstrada uma correlação directa entre alterações climáticas e a pegada ecológica deixada pelo homem, o livro do Zé Maria - que ainda não li, mas que quero ler, ao pegar nesta questão dos glaciares, e na forma como alguns deles estão a diminuir drasticamente, demonstra-nos duma forma claríssima que o nosso planeta está a mudar e que isso representa, como no caso dos Massai em África, que vivem do pastorício, que certas culturas sejam perigosamente afectadas por essas mudanças. No espírito empreendedor que o c...

A não perder!

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Retratinho de Helen Keller Antigo Cinema Floresta Center 6 e 7 de Novembro 16h O meu nome é Helen Keller e aprendi o nome e o significado das coisas pelas mãos, tal como se aprende a contar pelos dedos, porque, aos dois anos, fiquei cega e surda devido a uma doença. Nasci no sul dos Estados Unidos, numa pequena cidade do estado do Alabama, em 1880, e gostava que conhecesses a minha história e da professora que me ensinou a ver com as mãos e a ouvir com os dedos. Chama-se Anne Sullivan e foi ela que iluminou o quarto escuro onde eu vivia e me abriu a porta para o mundo da linguagem. Depois de quatro meses de aulas com ela, já conseguia escrever pequenas cartas à minha mãe e aos meus amigos e a partir daí nunca mais parei de escrever, enviar cartas e falar de viva voz, para contar a toda a gente como tinha sido possível.