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Pau, porte des Pyrénées, lugar de especulações geneológicas

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Conta-nos Veva de Lima que o tenente Mayer, deixou  sua mulher Maria Polinska - polaca, e sua filha em Pau e partiu para "Bayonne esperar por um corpo do Exército da Gironde para se alistar" (estaríamos cerca de 1806). "Armand Charles Antoine tinha então trinta e três anos e devorava-o uma nostalgia ardente: voltar à embiaguez das batalhas, ao triunfo das armas imperiais, que havia servido sempre no fragor das vitórias e colaboração na grande epopeia". Cinco anos se passaram, entre Espanha e Portugal, até que regressa a Pau. Continua Veva de Lima: "Quando chegou a Pau já não encontrou Maria Polinska... a infeliz abandonada morrera de consumição um ano antes. Sua filha casara com 14 anos com um antigo Fermier Général que, mais velho trinta anos do que ela, rico e afastado do seu cargo desde a tomada da Bastilha, ocupava-se agora de agricultura em Billières, perto de Pau, onde tinha a sua residência com grande comitiva. Foi em casa de sua filha que o formoso...

Em Toulouse-Lautrec

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(thanks mother pelo comentário, de que gostei muito, e bem-vinda ao mundo da blogosfera!) Algumas coisas há a contar destes últimos 2 dias em que não tenho dado notícias por esta via. Uma viagem "solo" é uma espécie de encontro consigo mesmo e tem-me feito bastante bem. A paisagem exterior acaba por ser um pretexto para uma viagem interior. E é bom fazê-lo assim durante algum tempo como eu tenho feito (a propósito disso vi um filme interessante em Turim sobre o Caminho de Santiago e ontem comprei a revista Geo que fala do mesmo assunto; também tem acompanhado a minha viagem o Livro do Pre. Tolentino Mendonça "Tesouro Escondido" que fala muito em viagem interior). Trazia vários planos. Um deles penso que acabei hoje e tratava-se de transformar num pequeno livro os comentários da Maria Cóias, minha amiga, num outro blog e que lhe quero dar como presente, agora que ela se casou. A Maria ensinou-me muitas coisas e quero retribuir-lhe com isto. Seleccionei aqueles...

Aix-en-Provence

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Uma sonoridade elegante e agradibilíssima estes Nocturnos de Chopin tocados pela nossa Maria João Pires. Têm-me acompanhado ao longo desta viagem que agora pára em Aix-en-Provence. O meu pai tem toda a razão: os Nocturnos de Chopin são do melhor que há, tenho-os redescoberto.  Não há muito a dizer. Estou muito bem instalado, numa cama óptima, numa rua movimentada, mas do meu quarto não se ouve a rua. O meu tio Duarte fazia anos hoje, falei com os meus pais que estiveram com a minha avó. Vou dormir bem hoje.

Côte d'Azur, a experiência derradeira do Interrail

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A saída de Itália foi pela porta pequena: nada de comitiva de honra com banda a desejar-me felicidades e um regresso em breve. E, a Itália, caprichosa, ainda me faz o desmando de me dar como leito uma pedra que não diria fria - porque o bafo tem sido mais do que muito -, mas certamente duara em frente a uma porta da estação de combóios de Ventimiglia, o posto avançado antes da chegada em França. Ou seja, tratou-me com uma displicência que, honestamente, não estava mesmo à espera. E mais, não sei o que lhe fiz, porque além do leito duro, ainda tive por companhia até às 5h15 uma odiosa família muçulmana com um rádio com as últimas novidades artísticas do Magrebe a azucrinar-me a cabeça e a pôr à prova a minha santa paciência.  Noite em claro; claro está com uma irritabilidade grande que daí advém... Logo que o 1.º combóio que partia para Grasse se apresentou, pus-me num ápice no 2.º andar do mesmo, tal qual o guia me avisava pois a...

Tivali, no Tivoli e depois dei um salto a Bolonha

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Estou na Toscânia - espero não estar a cometer alguma gaffe geográfica - desde ontem à noite, mais em particular em Bolonha. Arcângelo Fuschini foi um importante pintor português e era filho do pintor e ceramista italiano Francesco Fuschini natural de Faenza. Francesco terá vindo para Portugal  a convite do Marquês de Pombal para dar início à indústria da porcelana. Ora, sou descendente por linha paterna destes italianos e não deixa de ter piada andarmos por sítios por onde nossos antepassados fizeram a sua vida e imaginar... E vim doutra reminiscência familiar, do Tivoli, perto de Roma, intrigado por saber donde virá o nome de Tivoli que o meu bisavô, Frederico de Lima Mayer, casado com Octavia Joyce Fuschini - se não me falham as contas, bisneta de Arcângelo e trisneta de Francesco, acima referidos - deu ao cinema que construiu na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Ora, com muita sorte do destino, em Tivoli (não sei se devo dizer "em"ou "no") fiquei instal...

Estados Unidos da Europa

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Viriato Soromenho Marques tem vindo amiúde à televisão falar da Europa, assumindo-se sem quaisquer vergonhas como federalista. Admiro a sua coragem de ser um homem que rema um pouco solitariamente e acho que o faz convictamente, sem esperar aplausos e sem vaidade - e ainda bem que assim é. Mas não concordo com ele nessa sua posição federalista. As indiossincracias entre a Europa e os Estados Unidos da América - que ele muitas vezes apresenta como modelo de federalismo para a Europa - são muito diferentes, sobretudo os tempos são diferentes e tenho pouca fé que hoje seja possível grandes mudanças históricas - posso estar redondamente enganado. Ele diz que as realidades sócio-culturais eram muito diferentes entre os diferentes estados americanos, que fossem, até concedo. Ora o que sucede é que quando se dá o momento definidor da perenidade da América, o Estado era recente, e vinha dum passado sob domínio da Inglaterra. Do ponto de vista político, não...

Em Roma, partindo para o Tivoli

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O combóio a alta velocidade que me deixou em Roma Termini, apresentou-me a um crossroads de vidas. Sinto que é esta realidade tão rica, quanto diferente pelos passos que se cruzam para destinos diferentes, que tem sido interessante viver. Enquanto espero combóio para Tivoli, comprei um livro que me chamou a atenção e que tem por título "One On One, 101 true encounters" de Craig Brown. É um livro fascinante que conta 101 encontros fora do vulgar entre pessoas que ficaram na história ou que fazem ainda a história: começa com um encontro entre Hitler e um aristocrata inglês que, em Munique, enquanto Hitler ascendia ao poder se cruzam numa rua. O inglês, estudante rebelde, mandado para a Alemanha para ganhar juízo e disciplina, ao volante do seu carro acabado de comprar, embate contra o próprio Hitler, que atravessava a rua. Hitler cai ao chão, mas não se magoa. O inglês sempre guardou esta história e dizia que teve durante uns segundos o Futuro da Europa nas suas mão...