Zeitegeist


No outro dia bebia um copo com uns amigos espanhóis e falávamos um pouco de história dos nossos dois países quando um deles comentava que as nossas histórias eram paralelas, que com muitos poucos anos de diferença os bens da Igreja tinham sido vendidos ao tempo do Liberalismo.

Isso fez-me pensar noutras questões, por exemplo se, na história, existem ventos aos quais se não nos podemos opor. 

Os alemães têm um termo próprio para isto o "Zeitgeist", traduzido à letra o "Espírito do Tempo".

Na nossa história podemos encontrar inúmeras questões em que era muito nítido que estaríamos a lutar contra os ventos da história: o colonialismo é naturalmente um deles, mesmo que possamos ver que nele jogavam muitas forças, como a Guerra Fria.

Mas onde se joga a questão da convicção, em que mesmo que todo o mundo diz que devemos mudar, nos devemos manter iguais? 

Há que ser inteligente e perceber. Como se diz na gíria, só os burros não mudam!

O Leopardo de Lampedusa é bem sintomático que tudo na sociedade vai mudando, que nada se mantém. O Príncipe de Salinas adopta então aquele célebre epítome de que "tudo tem que mudar para se manter como está". Onde já se vira um nobre se envolver em negócios e falar em dinheiro?! Já se viveram esses tempos...

De facto, sobretudo na natureza, só quem se adapta consegue sobreviver.

Bem sabemos que também no mundo das empresas, só aquelas que se adaptam sobrevivem. Só aquelas que realmente servem os seus clientes sobrevivem e, sobretudo, as empresas tecnológicas, têm que estar sempre um passo à frente dos acontecimentos.

Não creio que se trate dum oportunismo. É antes o estar atentos à realidade, o que é muitíssimo importante. Temos sempre que olhar para as "constelações" e ver as relações de força que existem. Se não, o que acontece é que um dia seremos uma estrela que achamos que continua a brilhar, mas que afinal, só vemos a luz que irradiou, embora já tenha deixado de existir! 

Temos sempre que olhar para o céu para perceber o mapa! Diz Scott Peck: "Quanto mais esforço fizermos para perceber a realidade, maiores e mais precisos serão os nossos mapas. Mas muitos não querem fazer esse esforço"; ou como diz também o Papa: "a realidade é superior à ideia".


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