Sentir-se perdido

No outro dia falava com um amigo meu artista que me dizia que se sentia perdido.

Por vezes, acontece-me o mesmo. São tantas as coisas em que me meto, os projectos que construo na minha cabeça, que às tantas estou tão dividido.

A vida interior busca a unidade. Tenta encontrar essas cordas que nos trazem a harmonia, com as quais podemos tocar uma melodia.

Há cerca de 2 dias assistia a uma conferência BBVA em que o orador dizia que devemos começar sempre o nosso dia com aquilo que queremos, com o que são os nossos objectivos primeiros - depois disso teremos sempre tempo para aquilo que ele chamava o "infinito": as tarefas que se sucedem umas às outras, que prendem o nosso tempo; realmente há um horror ao vazio e é muito fácil que nos deixemos levar por essa torrente caudalosa das "coisas que temos que fazer". Se não criamos espaço na nossa vida para cultivar as flores que queremos, andaremos constantemente a ter que ir apanhar ervas daninhas; a ideia é, ao contrário, arranjar tempo para criarmos os nossos próprios canteiros. 

Devemos andar atrás de cortar as ervas daninhas que vão sempre surgindo na nossa vida, ou antes, pensar em que flores cultivar nos nossos canteiros e trabalharmos para isso? 

Isto de fazermos o que queremos é importante e tem sido uma reflexão que tenho feito nos últimos dias.

Não sei se sou livre e se fui livre o suficiente. Fazer o que queremos é de facto procurar cá dentro o que somos e o que nos torna mais nós próprios. 

Não raras vezes achamos que fazermos o que as nossas fibras interiores nos convidam a fazer é uma espécie de luxo a que não temos direito e andamos com um sentimento de culpa por ter optado por isso - e não por algo que seria o que "deveríamos" fazer; acho porém que temos que nos desfazer disso e, cada vez mais, dedicar-nos a louvar a nossa individualidade própria. Louvar mesmo. 

Um dos exercícios mais importantes neste caminho é o de não nos andarmos a comparar com os demais, um jogo que acaba por ser como que viciado. Comparar-nos com os demais normalmente é algo que não nos faz bem. "Vai ao teu ritmo" deveria ser o grande princípio, ou o princípio do oráculo de Delfos do "conhece-te a ti mesmo".

No outro dia a minha coacher perguntava-me: Duarte o que queres fazer?! 

Esta é a primeiríssima questão. 

Voltando ao início, não sei porque o meu amigo dizia que se sentia perdido. Mas eu sei que muitas vezes que me sinto perdido é porque não deixo a fonte interior brotar água fresca.


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