Educar

Educar é ajudar a encontrar o Eu mais profundo, a encontrar a beleza que cada Ser Humano leva dentro de si (como diz aquela conhecida canção: "Show them all the beauty they possess inside").

Como é que isso se faz?! 

Não é fácil... a vida é um percurso, uma viagem sempre em aberto. Nasce-se como uma "semente". Tem-se como o seu adn já definido para se tornar uma "planta". Uma planta cresce se o solo for bom, se tiver água, houver exposição solar, se se tiver cuidado com as doenças e infestantes, com as heras que se podem pegar à planta e dificultar o seu são crescimento. Dizem que faz bem falar com elas. 

O ambiente/o habitat: não pode ser demasiado agressivo. Embora haja famílias de plantas, cada planta é única e tem que se regular as condições àquilo que lhe faz bem. Tem que se observar como vai vivendo. Não se pode dar o tratamento igual a um pinheiro e a um salgueiro. O pinheiro é uma árvore mais resistente; um salgueiro precisa de mais água. 

O Ser Humano é mais que uma planta. Há vontade nele. Uma das formas de melhor ajudá-lo a crescer é apontar caminhos e deixar que ele experimente. Encorajá-lo a ser o que pode ser. 

Ser Humano é "ser humano". Ora o "ser" é constitutivo. Chama-se isso, não se chama "parecer humano", "fazer humano"... As pessoas valem pelo que são, não pelo que parecem, ou pelo que fazem. Assim, no primeiro lugar da lista do que os Educadores devem ter presente é que a primeira coisa é que o Ser Humano quer SER.

1. SER: tornar-se cada vez mais. Quando somos o que somos, vestimos o casaco que nos assenta bem. De girino a rã; de minhoca a bicho-da-seda. De pedra em bruto a diamante. Da potência ao ser.

2. RESPEITAR: A segunda coisa é que "SER" significa que o outro - e neste caso o Educador, deve respeitar como esse ser quer ser; respeitar a vontade - aquele "casaco" que cada um quer para si. Eu sou e quero que me respeitem naquilo que sou. Vou construindo a minha identidade pessoal, o "meu casaco". Os outros devem respeitar aquele que eu sou e aquele em que quero me tornar. O outro gosta de castanho; eu gosto e amarelo. O meu "casaco" pode ser amarelo, mas não posso impor o "casaco" amarelo ao outro.

3. AMAR: A terceira coisa é que para isso acontecer, os outros devem agir, com amor. Mais do que RESPEITAR, os mais próximos devem AMAR incondicionalmente aquele que eu sou. Isto é mais difícil, porque amar significa descentramento: olhar para o outro como um ser diferente de mim. Ora, os outros podem ter dificuldade de perceber a riqueza que eu posso ter porque podem viver num registo mais imediato. Amar é sempre uma construção pessoal, exige trabalho interior. Amar é mais do que respeitar (é um nível mais profundo do respeito), é empenhar-se e trabalhar no sentido de tu seres aquele que queres ser. De tocares a música que queres tocar. De vestires a cor que mais gostas. Mesmo que pessoalmente eu a ache feia. 

Um exemplo?! O esforço de Maria, mãe de Jesus "que guardava tudo no seu coração". Quem seria Aquele seu filho?! Porque não seria um carpinteiro para toda a sua vida e por que é que resolveu pôr-se em trabalhos e em apuros. "Fazei tudo o que Ele vos mandar", diz ela nas Bodas de Canãa. 

"O teu casaco castanho fica-te muito bem!"

4. PALAVRA. O instrumento maior do amor é o diálogo, é a presença. 

Amar é conversar. Amar é entrar em relação e a relação é mediada pela palavra. A palavra é não verbal (a atenção, o olhar) e verbal. Só nos entendemos comunicando. Não somos máquinas. Não fazemos uns nos outros "uploads" e "downloads", através dum cabo usb. 

O caminho da palavra é longo. Aprendemos a andar e aprendemos a falar, mas andamos a vida toda a aprender a falar. O nosso mundo interior é vasto, tão vasto como uma grande floresta e assim também é o do outro. Nele nascem flores e árvores, há regatos de águas refrescantes, mas também há vales e precipícios. Medos. 

Atravessamos sempre as nossas "florestas" através de quem já tem experiência de atravessar florestas, e queremos assim estar protegidos dos lobos e outros animais selvagens.  

A nossa primeira tentação é de forçarmos a nossa mãe ao caminho. Exigirmos que ela não nos largue; mas a nossa mãe não tem 24 horas do dia para nós. Precisamos que alguém nos explique com amor isso. Se não nos explicar, uma ferida vai andar sempre conosco e quereremos vingar-nos de nos ter deixado sós na floresta. E se tudo correr bem, a nossa mãe estará também para nos ajudar nessa busca por outros e estará lá para nos lamber as feridas das nossas quedas. 

5. CONFIANÇA. Quando temos uma "rede", apoio, não estamos sós na floresta. Já poderemos ir desbravando com confiança o mundo e darmos passos para entrar na floresta. "Força, vais conseguir!" Assim vamos avançando. Temos quem nos apoie! E vamos tendo os amigos que tornam o caminho mais fácil. Amigos: pessoas muito importantes. Com eles podemos ir até ao fim da floresta.

6. PACIÊNCIA/RESILIÊNCIA. Se não consegues a primeira vez, deves continuar a insistir, porque "God delays are not God denials". Se acreditas no caminho, não desistas na primeira dificuldade. 

7.  SER BOM/BOA. Há muitas coisas más na floresta, mas não te transformes em lobo. Tu não és lobo. Tu és bom. 

A vitória é importante, mas há coisas mais importantes. Dedica-te aos teus trabalhos e dá o teu melhor. A consciência do trabalho bem feito deve deixar-te tranquilo. Deus ajudar-te-á. Não tens obrigação de ganhar. E se não ganhares, tira as lições que tiveres que tirar. A humildade também faz bem e não é bom pensarmos demasiado em nós. 

8.  PENSAR NOS OUTROS: Pensa no bem que podes fazer aos outros, dedica-te a ajudares quem de ti pode precisar. Não te centres demasiado em ti e nos teus problemas. Os outros ajudam-te a descentrar-te e, com isso, viverás mais feliz.

9. VIVER FELIZ: Procura viver feliz, encontrar o lado positivo das coisas. A vida assim torna-se mais leve.

10. FAZER O QUE SE QUER E ARRISCAR: A vida não tem manual de instruções, deixa-te surpreender pelo seu mistério e não tem medo de fazer o que queres e de arriscar a SERES TU MESMO, UM SER ÚNICO E IRREPETÍVEL! FAZ O TEU DESENHO!






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