A janela para deixar entrar a brisa

Podemos naturalmente dizer que do lado da leveza está a alegria. A alegria é leve, voa como um pássaro feliz. 

Voltei hoje a umas leituras sobre Maritain: por alguma razão atrai-me pensar nele, ele que restaurou S. Tomás de Aquino e, por este, também Aristóteles.  

Num livro que sentado no sofá da Bertrand fui lendo ao bocados nos seus primeiros capítulos, George Weigel diz-nos que quando o Papa João XXIII resolveu convocar a Igreja para o Concílio, pediu que os Bispos se pronunciassem sobre o que seria relevante discutir. Parece também que foi quando uma janela se abriu, ao fazer a barba, que o Papa teve a iluminação de convocar essa magna reunião, para que a Igreja deixasse entrar o ar fresco do espírito, tal como a brisa do ar que entrava pela sua janela.

O Espírito Santo é um pássaro alegre que voa, livre. É um pássaro colorido e veloz.

Não o devemos aprisionar em fórmulas, pretendê-lo fechar em caixas, numa qualquer gaiola. 

Em resposta ao convite do Papa, Karol Woytila terá escrito uma carta breve que fazia uma simples pergunta: "como foi possível?!" Como foi possível tanta destruição, tanto sofrimento, tanto terror no séc. XX?

Maritain cujo projecto filosófico foi a resposta a uma angústia existencial por tanto nihilismo que se vivia na sua sociedade, foi beber a S. Tomás de Aquino verdades intemporais, mas mais do que isso parece um método que associa a busca da verdade à razão e a uma visão do homem como ser espiritual que aspira ao bem.

A razão e a virtude que Aristóteles praticava - o justo meio, ensinam-nos que, num mundo de loucos, devemos manter a nossa bússola afinada pois há muitos magnetismos que nos pretendem atirar para o caos, fazendo-nos corpos, matéria, atirados ao desvario, fora de órbita.

O que é mais pesado: um quilo de chumbo ou um quilo de algodão? Quando sentimos o nosso coração de chumbo (perdido, desnorteado), ele pesa-nos. Se o sentirmos como algodão, ou como um pássaro que voa, ele tem exactamente o mesmo peso, mas consegue voar e sente-se mais leve. Tem asas!

Ciclicamente, o Homem e o Mundo entram em espirais de loucura e, se calhar, este e é um desses tempos, onde reina o desnorte. O desnorte de tantos corações pesados deu coisas como a II.ª GM. Por isso precisamos de sãs filosofias e de tempos a tempos de abrir as janelas de casa para deixar entrar o ar!




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