Diário Gráfico

Somos felizes ou infelizes no tempo, no dia que dura 24 horas.
Tenho aprendido que "less is more", que tenho que escolher.
Leio agora "Guerra e Paz"; neste último mês e meio li vários livros.
Vi vários filmes, quase todos bons. A América nisso é inultrapassável.

E, que tal, sermos felizes com o que temos?
Com a cidade que temos, com os amigos que temos, com a casa e o trabalho que temos.
Porque fazemos da nossa vida um tempo sempre adiado?
O tempo em que viveremos naquela casa, em que teremos aquele trabalho?
Naquele tempo em que estaremos de férias, naquela casa que dá para a praia.
Devemos pensar na sorte que temos.
Em sermos saudáveis, em poder andar, correr, ver e cheirar.
Ontem corri junto ao Tejo. Ao final da tarde, as nuvens ficaram com tons dourados.
Em tons para se fazer uma tela.
Encontrei-me com um amigo. Conversámos. Vim a ouvir música.
Lisboa é uma bela cidade. Temos rio e colinas, jardins e avenidas.
Porque perseguimos os sonhos que nos roubam o prazer de gozar o que já temos?
Não poderíamos dedicar-nos a cuidar do jardim das nossas vidas?
Dizia-me um primo amigo, que bom que é  termos trabalho.
Pode não ser fácil o dia-a-dia, mas porque acordamos lestos e derrotados muitas vezes?
Não tem que ser assim. Sucesso é ir de fracasso em fracasso sempre com o mesmo entusiasmo, dizia-nos Churchill.

Põe em cada coisa que fazes o teu melhor. Sê inteiro, "Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes"

Arruma o dossier na prateleira e sai para dar uma volta ao fim do dia - não te arrastes para o sofá. Hoje já deste muito de ti, cuida agora da tua alma, a tua melhor amiga. 

Porque não a aposta de sabermos viver com sabedoria, aprendendo com as coisas?
Imaginar um outro tempo, feito de quimeras e de praias douradas?! Antes das férias serem inventadas, onde passavam férias os homens? Quantos milhões de pessoas não têm férias hoje?

Nunca vi Lisboa assim... tempo extraordinário em que se ouvem as andorinhas da Primavera. Estar atentos - fazer da nossa existência um lugar para o espanto e emaravilhamento. Metemos conversa com a senhora do supermercado. E agradecemos-lhe interiormente pela sua simpatia e amabilidade. Somos abençoados.

Ouvir uma bela música num Sábado de manhã enquanto olhamos a bela cidade pela janela. Cuidar da sardinheira à janela.

Dar mergulhos na praia. Uma manhã, em que sais em Cascais, melhor que a Riviera Francesa. Havemos de o fazer! No escuro da noite fumar uma cigarrilha ou mais, com um copo na mão. A cidade está em silêncio.



























Estar felizes é procurar dar um sentido às 24 horas do dia - e chegar ao fim do dia e ainda ter tempo para esperar que o dia de amanhã será uma página em branco, que nos pedirá arte para a saber preencher da melhor forma.

É isso! As 24 horas do dia são o espaço em que podemos desenhar algo!

Esse desenho não tem que ser o desenho acabado. Pode ser parte dum desenho mais vasto. Mas não deixemos que esse desenho apenas no fim da historia nos console... porque precisamos sempre de alento; pode ser uma pequena paragem no dia, 5 minutos apenas para falarmos com os nossos botões, tratando-os bem. 

Fazer um diário gráfico é desenhar as nossas vidas com arte, mesmo que esse diário seja apenas um diário imaginado... o meu! Essa é uma receita de vida, que um Leonardo da Vinci nos tem ainda a ensinar - a mim pelo menos! Começa a desenhar o teu dia, na folha em branco!








Comentários

Monserrate disse…
Gosto deste texto, gostei mais do primeiro, foram poucas as alterações, mas o outro estava mais cru, mais imperfeito… gosto desta forma de escrever, gostava de saber escrever assim…

“Somos felizes ou infelizes no tempo. No dia que dura 24 horas.”

Somos felizes e a escolha será, sempre, a felicidade; a felicidade verdadeira de olharmos para o concreto da nossa vida e pouco mais desejarmos. Mas para que isto aconteça, teremos de ser fiéis a nós próprios, para que nada nos falte, nada mais se deseje.

Tenho tido tempo para rezar a vida… demoro a concentrar-me a focar, desconfio que sempre tive défice de atenção, mas tenho feito “grandes investidas” neste focar e sinto que estão a dar fruto. Também tenho encontrado bons tempos para ler, não Tolstói, mas minha querida Jane... aprendemos tanto por lá.

Sempre fiz diários gráficos, eles são um verdadeiro eletrocardiograma. Tudo fica registado altos e baixos, descidas repentinas, estados quase vegetativos… ainda hoje os faço, pouco profundos talvez e muito incompletos, mas nunca perdi este importante gesto de me registar. Desconfio que foi o voltar a eles que me trouxer até aqui. A vida não é isto ou aquilo, não pode ser compartimentada. Vivê-la dessa forma, é secar partes de nós. Nos cuidados intensivos, todos os órgãos vitais são avaliados, não só o que está em falência. Um bom internista tem de ler bem o todo e identificar sintomas colaterais, fazer um diagnostico preciso… e quanto mais rápido é feito este diagnóstico, maior é a certeza que se salvará o doente e que este, não ficará com sequelas.

Agradeço estes tempos, foram-nos dadas oportunidades únicas de redimensionarmos a nossa vida… não tem que ser pesado, penoso, doloroso, não tem de haver sentimentos de culpa… se assim fosse, talvez não aguentaríamos ultrapassa-los com a lucidez necessária.

Descrição perfeita esta… para mim, “Estar felizes é viver o sentido das 24 horas do dia e chegar ao fim do dia e ainda ter tempo de desejar o dia de amanhã… não será uma página em branco, mas pedirá arte para a saber preencher. É isso, as 24 horas do dia são o espaço em que podemos desenhar algo. Esse desenho não tem que ser o desenho acabado. Pode ser parte dum desenho mais vasto. Mas não deixemos que esse desenho apenas no fim da história nos console…” (foram feitas algumas alterações ao texto original)

NOTA: Podemos sempre ganhar inspiração nos magníficos diários gráficos de outros. Mas só nós saberemos fazer o nosso, não há um esquema, uma forma a copiar, a seguir… são peças únicas e autênticas.

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