Escrita em tempos de férias
Férias.
Sinto a frescura a entrar pela casa, mas o dia está quente. Carrego uma mala cheia de livros, comprados pela Fnac numa noite de ímpeto.
Quando disse que se tratava dum "retrato muito humano", é porque sinto que as ansiedades, as dificuldades, as incompreensões familiares que a sua vocação artista provocam - e a sua grande coragem de ir atrás da sua voz interior, são uma radiografia muito bem tirada à alma da personagem principal do livro.
O livro reserva-nos surpresas interessantes, como o da identidade da referida rapariga, num verosímil cruzamento da realidade com a ficção e que enriquece o enredo, para já não falar das referências literárias como a Henry James e ao seu conto "Middle Years" em que o protagonista principal, chegado ao final da vida, conclui que agora finalmente já sabia escrever, mas que lhe faltava já a energia e força para tanto, pelo que o ideal seria uma segunda vida. E então diz (no original): "we work in the dark - we do what we can - we give what we have. Our doubt is our passion and our passion is our task. The rest is the madness of art", frase que Lonoff tem pendurada no seu escritório, local onde Zuckerman se acomoda para dormir, mas onde acaba por não pregar olho, tal é o seu excitamento nervoso com tudo o que se passara durante a noite.
Férias. Tempo para uns mergulhos na praia, para relaxar. Que bom.
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