La Seine

A maior parte dos rios em França escrevem-se no feminino: "la Seine" ou "la Loire"... e esta história começa com um passeio dado pelo Museu d'Orsay, junto ao primeiro desses rios, onde descobri com a minha amiga Sandrine os quadros de Pierre Bonnard: ambientes de luz amarela/encarnada, quente - que eu diria terem captado esse "Eterno Feminino". Há mistério e o indefinível naqueles quadros, algo que tem que ver com o desejo, que me remete igualmente para as odaliscas de Cézanne; mas Bonnard tem um olhar próprio e singular e por isso é um "Grande Mestre". 

Um passeio por um museu assim toca-nos na nossa mais profunda sensibilidade - não interessa o sítio onde estejamos e são múltiplos os lugares onde já vivemos experiências assim, mas há cidades como Paris que são pródigas. 

Junto ao Sena, nas Tuilherias, a Orangerie: um surpreendente conjunto de obras reunidas por esse genial coleccionador de arte, o Dr. Gachet; ou o Museu Rodin, que nos abre à obra desse escultor maior, que juntamente com a sua extraordinária discípula (e amante) Camille Claudel, soube esculpir o desejo nas suas obras. Rodin tem o dom de, na plasticidade que sempre ensaia pousar as sombras nos corpos, nos apresentar a mulher carregada de beleza e desejo - mas nunca de uma forma vulgar. É essa plasticidade que tanto dá vida a umas mãos entrelaçadas, quanto a um corpo deitado e arqueado. 

As curvas de "la Seine" (será por isso que os rios se dizem mulher em França?), convidam-nos a outras curvas nesses museus a seus pés. E o que seria da arte sem as curvas e o encanto do Eterno Feminino?!
   

 

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